LEI Nº 1.121, DE 20 DE MAIO DE 2022

 

“DISPÕE SOBRE A REGULARIZAÇÃO DE EDIFICAÇÕES EXECUTADAS EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO VIGENTE NO MUNICÍPIO DE sooretama, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.”

        

Texto compilado

 

CAPITULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

 

O PREFEITO MUNICIPAL DE SOORETAMA, usando de suas atribuições legais, conforme determina o art.30 da Constituição Federal, Lei Orgânica Municipal e demais normas que regem a matéria, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e ele sanciona a seguinte Lei:

 

 Art. 1º Esta Lei estabelece normas, requisitos e procedimentos para a regularização de construções que se encontrem em desacordo com os parâmetros da legislação urbanística municipal, desde que:

 

I - Concluídas até a publicação da presente lei;

 

II - Concluídas posteriormente a data do inciso anterior, desde que comprovadamente estejam com a fundação totalmente concluída.

 

Parágrafo único. Entende-se por edificação concluída aquela que esteja com paredes erguidas e coberta nas datas referidas nos incisos deste artigo.

 

Art. 2º Para delimitação da data de conclusão da obra objeto da regularização poderá o Município exigir como prova todos os meios legais, inclusive comprovantes de pagamento de Imposto Predial Territorial Urbano - IPTU, registros fotográficos e testemunhas.

 

Art. 3º O procedimento previsto nesta Lei não possui efeito suspensivo em relação às ações fiscais do Município, devendo haver cumprimento integral de eventuais autuações.

 

CAPITULO II

DA IMPOSSIBILIDADE DE REGULARIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO

 

Art. 4º Não será passível de regularização a edificação que:

 

I - Estiver localizada em logradouro ou terrenos públicos ou que sobre eles avance;

 

II - Estiver situada em áreas de preservação permanente ou de interesse ambiental, de acordo com a legislação municipal, estadual ou federal vigente;

 

III - Desatender a termos de compromisso assinados com a Administração Pública Municipal;

 

IV - Estiver situada em área de risco, assim definida pela Defesa Civil Municipal ou Estadual;

 

V - Estiver despejando as águas da chuva diretamente sobre o logradouro público;

 

VI - Estiver às margens da Rodovia Federal BR-101 e não apresentar atestado que comprove a anuência da implantação da edificação emitida pelo órgão competente; (Dispositivo revogado pela Lei n° 1.203/2023)

 

VII- Construída a partir da vigência desta, não apresentar autorizações emitidas pelos proprietários ou possuidores vizinhos, com firma reconhecida em cartório, nos casos de existência de vãos de iluminação e ventilação abertos a menos de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros) das divisas ou a menos de 0,75m (setenta e cinco centímetros) da perpendicular da divisa;

 

VIII - Construída a partir da vigência desta, possuir balanços ou marquises que infrinjam a altura mínima de 3,00m (três metros) em relação ao nível de passeio;

 

IX - Possuir o uso proibido na zona em que estiver localizada de acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano do Município.

 

Art. 5º Quando existir mais de uma edificação no mesmo lote, não será permitido à regularização das mesmas separadamente.

 

Art. 6º Poderão ser regularizadas edificações que, embora sejam proibidas na legislação em vigor, tenham seus usos autorizados por meio de alvará de localização e funcionamento definitivo, por ato administrativo anterior.

 

Art. 7º As edificações destinadas às atividades cujo uso seja definido como tolerado pela legislação vigente, serão objeto de análise pela equipe técnica do município.

 

Art. 8º As edificações que impliquem em alteração das frações ideais das unidades autônomas, expressamente autorizadas pelo condomínio, poderão ser regularizadas mesmo nestas condições.

 

CAPITULO III

DO PEDIDO E DOS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS À REGULARIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO

 

Art. 9º O pedido de regularização da edificação deverá ser instruído com os seguintes documentos:

 

I - Declaração do interessado, responsabilizando-se pela veracidade das informações e pelo atendimento dos requisitos previstos nesta lei;

 

II - Cópia da guia do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, do exercício em vigor, relativo ao imóvel onde se localiza a edificação;

 

III - Cópia do documento que comprove a titularidade do imóvel;

 

IV - Imóveis construídos a partir da vigência desta lei, projeto arquitetônico da edificação;

 

V - Anuência do condomínio, quando for o caso;

 

VI - Imóveis construídos a partir da vigência desta lei, autorização emitida pelo proprietário ou possuidor vizinho, com firma reconhecida em cartório, nos casos de existência de vãos de iluminação e ventilação abertos a menos de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros) das divisas ou a menos de 0,75m (setenta e cinco centímetros) da perpendicular da divisa, quando for o caso;

 

VII - Imóveis construídos a partir da vigência desta lei, guia de responsabilidade técnica, laudo técnico ou regularização de obra, e autoria.

 

Art. 10 Além dos documentos exigidos no artigo anterior, quando a regularização for pleiteada por espólio ou por herdeiros, deverá conter:

 

I - Requerimento preenchido e assinado pelo inventariante ou por herdeiro;

 

II - Cópia do formal de partilha;

 

III - Cópia do documento de nomeação do inventariante expedido judicialmente ou por Escritura de Inventário.

 

Art. 12 Requerida à regularização da edificação o proprietário poderá ser notificado para que providencie as alterações necessárias para propiciar a estabilidade, segurança e acessibilidade ao passeio público.

 

CAPÍTULO IV

DA CONTRAPARTIDA FINANCEIRA

 

Art. 13 Para a regularização da edificação será exigida uma contrapartida financeira, que será definida considerando:

 

I - A gravidade da irregularidade;

 

II - O custo unitário básico de construção - CUB/m², estabelecido pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo - SINDUSCON-ES, que será aplicado sobre a totalidade da área irregularmente construída.

 

Parágrafo único. A prestação da contrapartida financeira não exime o contribuinte do pagamento da taxa de protocolo para aprovação de projeto e licença de construção e das multas preexistentes, impostas em virtude do exercício do poder de polícia.

 

Art. 14 As irregularidades da edificação classificam-se em:

 

I - Gravidade I: não atendimento ao disposto no PDM, na Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano, no Código de Obras e Edificações e suas revisões quanto ao coeficiente de aproveitamento, gabarito, altura da construção e vagas de veículos;

 

II - Gravidade II: não atendimento aos demais índices dispostos no PDM, na Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano e suas revisões;

 

III - Gravidade III: não atendimento ao disposto no Código de Obras e Edificações do Município de Sooretama, quanto aos elementos da edificação, inclusive pela ausência de licença de construção.

 

Art. 15 A gravidade da irregularidade define os percentuais aplicados para fins de mensuração da contrapartida financeira da seguinte maneira:

 

I - Obras concluídas até a publicação da presente lei:

 

a) Gravidade I: 1,2% (uma vírgula dois por cento)

b) Gravidade II: 0,8% (zero vírgula oito por cento)

c) Gravidade III: 0,4% (zero vírgula quatro por cento)

 

II - Obras concluídas após a publicação da presente lei:

 

a) Gravidade I: 12% (doze por cento)

b) Gravidade II: 8% (oito por cento)

c) Gravidade III: 4% (quatro por cento)

 

Parágrafo único. Para contrapartidas financeiras mensuradas com base no inciso I fica estabelecido o teto máximo de 5.000 (cinco mil) Unidade de Referência do Município de Sooretama - URMS. 

 

Art. 16 A contrapartida financeira poderá ser prestada apenas de forma pecuniária.

 

Art. 17 Haverá uma redução de 50% (cinquenta por cento) no montante da contrapartida financeira quando se tratar de residência unifamiliar.

 

Art. 18 Quando se tratar de mudança de uso de imóvel beneficiado com aplicação do artigo anterior, a diferença da contrapartida financeira deverá ser paga para a obtenção da aprovação de projeto ou do alvará de localização e funcionamento.

 

Art. 19 Nas edificações cuja irregularidade seja a falta de vagas de estacionamento exigidas pelo  PDM e  Código de Obras e Edificações a contrapartida financeira poderá ser reduzida em até 50% (cinquenta por cento) desde que as vagas estejam disponibilizadas em terreno não contíguo, distante no máximo 200m (duzentos metros) da edificação objeto da regularização, e que esteja vinculado à mesma no Cartório de Registro Geral de Imóveis e gravado no alvará de licença e habite-se.

 

Art. 20 As contrapartidas financeiras de que tratam esta lei serão destinadas ao Fundo de Desenvolvimento Urbano Municipal, a ser criado por lei especifica.

 

Art. 21 Ficam isentas do pagamento da contrapartida financeira as edificações que:

 

I - Possuam relevante interesse público;

 

II - Estejam localizadas em Zonas de Interesse Social - ZEIS e possuam uso residencial;

 

III - Estejam localizadas nas Zonas de Interesse Social - ZEIS e possuam uso comercial para área total a ser regularizada até 300,00m² (trezentos metros quadrados);

 

IV - Sejam de propriedade das Associações de Moradores, Culturais e Esportivas, destinadas à localização de suas sedes e ao desenvolvimento de suas atividades, com área total edificada de até 600,00m² (seiscentos metros quadrados);

 

V - Sejam de propriedade de instituições religiosas de qualquer credo, destinadas à localização de seus templos religiosos e seus anexos, desde que situados no mesmo terreno, podendo este ser compreendido por um ou mais lotes;

 

VI - Que sejam de propriedade das Instituições Públicas Municipais, Estaduais e Federais, destinadas à atividade pública correspondente. 

 

Parágrafo único. Todas as penalidades e multas previstas nesta lei, somente se aplicam a construções realizadas a partir da publicação desta lei, incluindo o que se refere a contrapartida financeira.”

 

CAPÍTULO V

DA COMISSÃO ESPECIAL DE REGULARIZAÇÃO DE CONSTRUÇÃO – CERC

 

Art. 22 Fica criada a Comissão Especial de Regularização de Construção - CERC, a ser regulamentada através de Decreto Municipal, com a finalidade de vistoriar, coordenar, executar e julgar os atos necessários de regularização das edificações.

 

Parágrafo único. A comissão será composta pelos seguintes membros:

 

I - Diretor do departamento de aprovação de projetos, fiscalização e habite-se;

 

II - 01 (um) arquiteto urbanista analista;

 

III - 01 (um) agente fiscal;

 

IV - 01 (um) engenheiro civil;

 

V - 01 (um) técnico da secretaria municipal de meio ambiente e recursos hídricos e naturais; e

 

VI - 01 (um) servidor do departamento de administração tributária - DAT;

 

VII - 01 (um) secretário.

 

Art. 23 A Comissão Especial de Regularização de Construções - CERC emitirá um parecer técnico identificando:

 

I - A situação da edificação em face da legislação urbanística e edilícia municipal;

 

II - As ações fiscais efetivadas pelo Município;

 

III - Os valores e a forma da contrapartida financeira.

 

Art. 24 Após parecer favorável da Comissão Especial de Regularização de Construções - CERC, a edificação será considerada regular pelo Município, sendo fornecida a aprovação de projeto, licença de construção e alvará de habite-se.

 

CAPITULO VI

DOS RECURSOS

 

Art. 25 Das decisões da Comissão Especial de Regularização de Construções - CERC caberá recurso diretamente ao Secretário Municipal de Obras, no prazo de até 20 (vinte) dias, contados da ciência da notificação.

 

Parágrafo único. Somente será admitido recurso que verse sobre à possibilidade ou não da regularização.

 

Art. 26 O Secretário proferirá a decisão no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, conforme a complexidade do caso.

 

Art. 27 Em caso de decisão que entenda pela impossibilidade de regularização da edificação nos moldes desta lei, o requerente deverá promover a regularização da edificação observando os parâmetros estabelecidos na legislação urbanística municipal vigente. 

 

CAPÍTULO VII

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

 

Art. 28 Havendo resistência ou desobediência às ações da fiscalização, os valores das contrapartidas financeiras serão acrescidos de 30% (trinta por cento), sem prejuízo das possíveis medidas judiciais decorrentes dos atos ilícitos praticados pelo proprietário. 

 

Art. 29 Esta lei não se aplica aos casos de regularização do uso e parcelamento do solo urbano.

 

Art. 30 Esta Lei entra em vigor em na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

 

Registre-se, publique-se e cumpra-se.

 

Prefeitura Municipal de Sooretama, Estado do Espírito Santo, aos vinte dias do mês de maio do ano de dois mil e vinte e dois.

 

ALESSANDRO BROEDEL TOREZANI

PREFEITO MUNICIPAL DE SOORETAMA-ES

 

Cerifico e dou fé, que dei publicidade à presente, afixando cópia no quadro de avisos desta municipalidade.

 

NATÁLIA MARIN CAMARGO

SECRETÁRIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO INTERINA

 

Este texto não substitui o original publicado e arquivado na Prefeitura Municipal de Sooretama.